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Carta de Princípios SP

 

A carta de princípios postada abaixo foi elaborada coletivamente pelos integrantes do núcleo no período entre agosto e outubro de 2008. Como manifestaram os próprios integrantes do núcleo, agora é o momento de nos "apropriarmos" destes princípios, avançarmos no entendimento coletivo dessa totalidade e passarmos para as ações nela fundamentadas.

Este tópico tem por objetivo colaborar para essa "apropriação" da carta, assim como propiciar as discussões que visem seu aprimoramento. Leia a carta na mensagem abaixo e contribua com as suas opiniões.

Carta de Princípios do Núcleo São Paulo *

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1º ENaRC - Encontro Nacional da Rede Românticos Conspiradores, realizado nos dias
14 e 15 de Março de 2009 na EMEI Gabriel Prestes, em São Paulo/SP.


“... é preciso afirmar que há, no Brasil, muitos professores que dão sentido às suas vidas, dando sentido à vida das crianças e das escolas. Sinto-me um privilegiado por, após três décadas de trabalho numa escola que ousou provar que a utopia é realizável, encontrar no Brasil tanta generosidade e responsável ousadia.” (1)


O movimento Românticos Conspiradores constitui-se de uma rede colaborativa formada por pessoas que militam pela transformação da Educação Pública (2). Nossa finalidade inicial é a de promover a comunicação e o apoio mútuo entre pessoas, organizações e projetos que tenham por objetivo contribuir para a superação dos arcaicos paradigmas educacionais vigentes.

Somos pessoas conscientes de que os modelos educacionais e as práticas educativas possuem decisivas condicionantes sócio-culturais. Este fato exige que, para a transformação da Educação, tenhamos de ultrapassar seu âmbito restrito, englobando as dimensões sociais, políticas e culturais.

Temos a convicção de que a Educação atualmente praticada não contribui para que as gerações futuras tenham condição de superar os cruciais desafios postos para e pela humanidade. Mais do que isso, essa educação acaba por incentivar a formação de pessoas que tendem a reproduzir o modo de pensar, sentir, agir e viver que produziram tais desafios. Para que os atuais paradigmas educacionais possam ser superados é necessário estabelecer novas concepções que apontem formas alternativas de pensar, estruturar e praticar a Educação.

Tendo como síntese de nossa visão o trinômio autonomia-responsabilidade-solidariedade, apresentamos nossos princípios gerais, assim como alguns exemplos de seus desdobramentos educacionais. A finalidade é tanto orientar a ação dos membros da rede Românticos Conspiradores como esclarecer àqueles que queiram participar ou formar novos núcleos. São estes princípios que, a nosso ver, devem fundamentar a vital transformação da Educação, para que esta possa corresponder às necessidades das pessoas e das sociedades contemporâneas.

1. Educar-se para a Integralidade

A educação deve contemplar a humanidade dos educadores e educandos em sua totalidade, sendo coerente com a indivisibilidade das dimensões biológica, mental e espiritual de cada pessoa. Assim como cada ser humano possui diferentes limites, possui também diversas potencialidades que poderão, ou não, ser desenvolvidas e expressas a partir das formações e transformações que ocorrem durante toda a vida. Para isso a educação deve ser um processo intencional, contínuo e transformador, que leve a integralidade e que repercuta durante toda a vida.
Desdobramentos: educação integral (3), transdisciplinaridade, currículo aberto, aprender a conhecer-fazer-conviver-ser, educação continuada.

2. Educar-se em Solidariedade

A educação é um processo relacional, possuindo um caráter social que deve ser assumido nas práticas educativas. A solidariedade, mais do que um objetivo ético a ser atingido, é uma condição primordial para a realização do trabalho educativo. Portanto, este só se desenvolverá plenamente se considerar e incluir as diversas relações entre todos os atores envolvidos: educandos, educadores, gestores, famílias e comunidades. No caso da escola, é indispensável que abra suas portas à comunidade, a fim de constituir-se em pólo integrador e irradiador do saber e do esforço social pela educação, também cabe a escola incentivar a integração dos agentes e espaços comunitários a esse mesmo esforço.
Desdobramentos: comunidade educadora, docência compartilhada, ensino-aprendizagem colaborativo, pedagogia de projetos.

3. Educar-se na Diversidade

A educação deve contemplar a originalidade e a criatividade das pessoas, valorizando a diversidade humana em todos os seus aspectos: físicos, psicológicos, culturais, etc. As práticas educativas devem ser coerentes com o fato de que as pessoas aprendem melhor segundo seus interesses e motivações, em diferentes ritmos e de diferentes formas. A noção de educação na diversidade, associada aos conceitos de integralidade e solidariedade, permite o reconhecimento tanto de nossas singularidades quanto das nossas igualdades, resultantes de nossas condições humanas e socioculturais. As diferenças, nesse contexto, devem ser consideradas como algo inerente ao ser humano, rompendo-se a lógica binária que nos fragmenta em “iguais” de um lado e “diferentes” de outro.
Desdobramentos: educação inclusiva (4), pedagogia da escuta, ensino não seriado, grupos multietários, educação para a paz, pedagogia da autonomia, educação multicultural.

4. Educar-se na Realidade

A educação deve servir para a melhora objetiva da realidade na qual ela ocorre, contribuindo para o chamado desenvolvimento local. Para tanto, ela deve ser contextualizada, integrada à vida dos educandos e de suas comunidades, aberta para a troca de experiências e conhecimentos. A educação só possibilitará à pessoa atuar efetivamente na transformação da sua realidade se proporcionar condições de autotransformação. Em outras palavras, é somente através da promoção de aprendizagens significativas que a educação contribuirá para a transformação humana e social.
Desdobramentos: contextualização, extensão comunitária, ensino ativo, aprendizagem significativa.

5. Educar-se na Democracia

A educação que prepara para a democracia deve se dar através de práticas não-autoritárias, que permitam a ampla participação de educandos, dos educadores, das famílias e da comunidade. Só é possível uma educação para a ação cidadã se a educação for pela e na ação cidadã. As práticas educativas promotoras da liberdade, autonomia, respeito, responsabilidade, eqüidade e solidariedade devem estar associadas aos princípios anteriores para permitir que atinjamos o objetivo maior da auto-responsabilização social (5).
Desdobramentos: educação democrática, não-coercitiva, educomunicação, protagonismo juvenil.

6. Educar-se com Dignidade

A dignidade específica do ofício do educador é derivada da dignidade reconhecida na pessoa do educando. O educador deve ser cônscio do seu importante papel como agente social, assumindo sua missão como tutor dos educandos e facilitador de suas aprendizagens, entendendo que a educação deve ser solidária e coletiva e a aprendizagem um processo de dupla-via – entre o educador-aprendente e educando-ensinante. O tão almejado resgate da autoridade e a revalorização social e profissional do educador passam, necessariamente, pela reformulação das formações iniciais, pela reflexão e atualização permanente das práticas educativas e, principalmente, pela constante busca da coerência entre o fazer pedagógico e as necessidades educacionais dos educandos, suas comunidades e das sociedades em geral.

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* Esta carta é produto do trabalho coletivo dos membros do núcleo RC-SP, realizado através de fórum virtual de discussões e reuniões presenciais durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2008 e aprovada em assembléia no dia 18/10/2008. A versão desta carta com as assinaturas de adesão pode ser consultada em: http://rcsp.wikidot.com/carta-de-principios

(1) José Pacheco, As Escolas Invisíveis, jornal Folha de São Paulo, novembro de 2005. (aqui)

(2) A educação pública é por nós entendida como aquela voltada para a população em geral e que a todos dê garantias de acesso, sucesso e realização pessoal e social, seja ela de caráter estatal ou privado.

(3) A educação integral é vista aqui como aquela que considera as diversas dimensões da experiência humana: sensorial, cognitiva, emocional, moral, ética, política, cultural, estética, artística, etc.

(4) O termo educação inclusiva é aqui utilizado com ressalvas, uma vez que seu uso só faz sentido em um contexto excludente.

(5) A auto-responsabilização social refere-se à conscientização de que os contextos sociais são responsabilidade de todos e de cada um, visando que as pessoas e comunidades tenham condição de se apropriar das suas realidades e transformá-las.

 

 

O relato da construção da nossa Carta de Princípios.

 

A rede de conspiradores de São Paulo e suas conexões
Guga Dorea e Luiz de Campos

No dia 15 de marco de 2008, exatamente a um ano do que ficará marcado como o segundo dia de nosso encontro nacional, um grupo de pessoas, extremamente preocupado com os rumos que a educação estava tendo nesse país, se reuniu pela primeira vez na casa da educadora Ana Neves. Estaria nascendo daí os alicerces do Núcleo de São Paulo, que hoje está contando com mais de 160 pessoas no seu e-grupo.

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

8º encontro dos RCSP, escola Espaço Aberto, Dezembro/ 2008.

Essa trajetória, que comemora seu primeiro aniversário, já demonstrou a possibilidade de seguir em frente e pelo menos plantar uma importante semente para as próximas gerações, contribuindo efetivamente para o que mais esse grupo almeja: a transformação real dos rumos da educação nesse país.

É como uma espécie de “parabéns a você” que pretendemos, com este artigo de apresentação, promover uma breve síntese de toda a trajetória do Núcleo de São Paulo desde o seu surgimento. Na prática, esta rede de conspiradores começa a constituir-se no início de Fevereiro de 2008, quando o José Pacheco lançou a idéia enviando por e-mail a mensagem Aos Românticos Conspiradores Românticos, direcionada a diversos educadores de todo o país. A mensagem era um convite para que pessoas preocupadas com a educação se reunissem e se organizassem, dando início a uma rede colaborativa pela mudança da Educação.

A partir disso, muitas mensagens circularam aleatoriamente entre esses primeiros conspiradores, até que a Carla Lam (SP) e a Cláudia Santa Rosa (Natal) organizaram os endereços dos e-mails, além do Wilson Azevedo (Natal), que implantou a lista do e-grupo nacional – já contando hoje com aproximadamente 350 assinantes. A Cláudia implantou ainda o blog Românticos Conspiradores (07/02), inaugurando-o com a mensagem do José Pacheco. O blog passou então a receber mensagens e diversos comentários e em 18/02 ela mesma publicou a mensagem Organização de Núcleos, provocando a articulação de diversos conspiradores no âmbito regional para a realização dos primeiros encontros presenciais.

Início do Núcleo SP

Foi toda essa dinâmica inicial que gerou em um grupo de pessoas de São Paulo a necessidade de formar a sua rede em um âmbito mais regional. É nesse contexto que nosso objetivo aqui é promover o que podemos chamar de síntese micropolítica sobre o processo de construção do núcleo de São Paulo, que culminou na elaboração da carta de princípios do núcleo proposta, como provocação, pelo Pacheco.

Dos 10 encontros realizados até agora pelo núcleo de São Paulo, os 3 primeiros aconteceram na casa da conspiradora Ana Neves, 3 na Escola Espaço Aberto, 3 na Escola e Faculdade Santa Marina e 1 na Escola Politeia. Os encontros, sempre 4h de duração cada, têm tido periodicidade mensal - com exceção de Junho e Julho/2008 – e todas as memórias estão publicadas no site do núcleo RCSP.

Os assinantes do e-grupo SP não são só da capital, existem representantes de Barueri, Bragança, Campinas, Diadema, Franca, Guarulhos, Ibiúna, Itapetininga, Jundiaí, Mairiporã, Peruíbe, Santos, S. J. dos Campos e Sertãozinho, além de outros estados como ES, MG, GO e DF. Também foi elaborado um site do núcleo SP (16/11), publicado através da ferramenta Wiki para que possa se tornar de elaboração coletiva.

A idéia da Carta de Princípios

O processo de elaboração de uma Carta de Princípios dos RC iniciou-se em 27/07/2008, através de mais uma “provocação” do José Pacheco. Ele enviou duas mensagens (26 e 27/07) a 21 RCs – de diferentes cidades do país – considerados pelo Pacheco como referências para os conspiradores locais. Transcrevemos a seguir um resumo das mensagens:

Como o prometido é devido, envio alguns contributos para a elaboração de uma “Carta de Princípios” (na falta de melhor designação). Cada escola e cada núcleo são especificidades. Porém, algo terá de ser o “cimento” que una os diversos contextos. Talvez os “princípios”... Peço-vos que transmitis o conteúdo deste email a todos aqueles que, até agora, manifestaram vontade de participar e/ou participaram nos trabalhos de cada núcleo. E que prepareis os contactos a efectuar na net e os encontros presenciais.
Deixo-vos documentos inevitavelmente incompletos, propositadamente incompletos. Aquilo que resultar do trabalho realizado nos núcleos e entre núcleos será produto de um colectivo e não obra de um indivíduo...
É provável que, entretanto, no decurso da vossa “tarefa de casa”, eu vos envie outros contributos. É evidente que os núcleos poderão enviar outros documentos, que considerarem oportunos e úteis.
Peço-vos que, se souberdes da existência de outros núcleos de RC, que eu tenha esquecido, lhes envieis este email. Atrevo-me a fazer uma recomendação e um pedido: antes de iniciar o trabalho, combinai uma metodologia (conversando entre núcleos) e que a “carta de princípios” fique aprovada entre todos os núcleos até ao dia 5 de Outubro. (...)
A intenção do email anterior foi a de dar a conhecer alguns exemplos de princípios, sem que eu quisesse afirmar que os subscreveria. As decisões serão dos grupos e eu quero influenciar o menos possível. Enviei o email anterior somente às pessoas que constam da lista acima. Estas pessoas poderão coordenar o trabalho de reflexão em cada um dos núcleos.
E poderão agregar à reflexão aqueles que considerarem fazer parte do núcleo. (...)
Abraço fraterno, José.

A Carla Lam (que recebeu as mensagens em SP) enviou uma mensagem convidando os RCs mais assíduos nos encontros de SP para uma pequena reunião no dia 28/07 para apresentar a proposta do Pacheco e pensar como encaminhar para os demais membros do núcleo. Nessa reunião só puderam comparecer, além da Carla, a Ana Neves e o Luiz de Campos. Dado o pequeno número de presentes, estes resolveram apenas fazer um primeiro contato com os RCs tidos como referências locais e organizar as informações para serem apresentadas e debatidas no 4º encontro presencial dos conspiradores de SP.

Para esse encontro, foi elaborado o primeiro boletim informativo do núcleo SP (já estamos no 7º), contendo, dentre outros textos, a mensagem do Pacheco que inspirou a formação da rede RC e a proposta de elaboração de uma carta de princípios. A proposta foi apresentada, debatida e realizou–se uma dinâmica do tipo brainstorm sobre o que – e quais – seriam nossos princípios, resultando daí uma lista inicial. Foi então deliberada a criação de um “fórum virtual” onde seriam postados os textos de referência enviados pelo Pacheco – além de outros enviados pelos RCs – e seriam realizados os debates sobre os princípios. Todos os RCs foram convidados – via lista de e-mail – a se inscreverem e participarem do debate no fórum de discussão, que passou a receber mensagens a partir de 11/08. Foram publicados 18 textos de referência – 8 enviados pelo Pacheco e 10 enviados por outros conspiradores. Ao final da primeira fase de discussão (antes do 5º encontro), o fórum tinha 47 inscrições e 33 contribuições, entre tópicos e mensagens. Desde lançada a idéia da carta, a lista de e-mails também recebeu várias mensagens referentes à discussão.

Nessa reunião, portanto, foram lançados alguns temas que, para os participantes, deveriam constar em uma carta de princípios que buscasse novos caminhos para a educação. Muitos temas surgiram e, na seqüência, se deu a abertura democrática para que todos os integrantes do núcleo pudessem discorrer sobre esses mesmos temas (ou outros que eventualmente viessem a surgir) no fórum de discussão. Várias vozes, algumas até destoantes, desfilaram livremente sobre esse meio eletrônico. A Carla foi incumbida de articular a comunicação com os outros núcleos e a Ana Cecília e o Guga ficaram com a função de organizadores da discussão feita no fórum. Esse encontro contou com a presença de 28 conspiradores (20 da capital, 2 da Grande SP e 6 de outras cidades).
Como a síntese desenvolvida pelo Guga saiu longa demais, o Luiz elaborou outra contemplando todo o debate. Na prática, como diriam os já citados em outros momentos, Deleuze e Guattari, ambos fomos afetados pelos temas debatidos desde o início e, por isso, espontaneamente resolvemos desenvolver as sínteses. Como não poderia deixar de ser diferente, estavam embutidos nelas a nossa contribuição e visão de mundo.

No entanto, é importante frisar que não houve uma invenção do nada. Na realidade, o "nós" aqui foi mais a voz de um coletivo. Toda escrita, enfatizariam esses pensadores da multiplicidade, não é uma invenção de quem está preenchendo algum espaço até então vazio, mas esse alguém está sendo "atravessado" por todo um fluxo externo a ele e daí vem o processo de criação.

O que presenciamos, portanto, foi uma legítima construção democrática, onde todos tiveram vozes. Não é por acaso que muitos que, não importa o motivo, não participaram dessa riquíssima construção realmente democrática e livre, se sentiram contemplados e assinaram a carta. Depois de ambas as sínteses, dando continuidade ao processo, algumas pessoas do núcleo de São Paulo se reuniram para discutir o que seria o texto final para depois voltar para a rede e em seguida, na última reunião coletiva do núcleo, ela foi novamente debatida para finalmente chegar-se a um consenso.

No 5º encontro dos RCs SP (13/09) estavam presentes 24 conspiradores (19 da capital, 1 da Grande SP, 2 de outras cidades e 2 de outros estados). No boletim informativo distribuído nesse encontro foi publicado o texto Reflexões – Discussões no Fórum, em que o Guga faz um balanço das contribuições até aquela data. Foram discutidas as contribuições publicadas, novas idéias, a análise do Guga e a síntese esquemática elaborada pelo Luiz. O grupo decidiu se distribuir em 7 subgrupos de discussão - um para cada tópico apresentado no esquema do Luiz – e elaborar textos para serem publicados no fórum.

No período entre o 5º e o 6º encontro presencial o fórum recebeu mais duas inscrições (passando para 49), 7 novos tópicos e 4 mensagens. Alguns dos subgrupos conseguiram elaborar textos com suas contribuições e os enviaram para a lista de e-mails. Também foi divulgado na lista de e-mails o texto A Educação na sociedade dos paradoxos, assinado por 5 conspiradores: Alfredo, Ana Neves, Carla, Guga e Luiz. Na reunião preparatória do 6º encontro foi apresentada uma minuta da carta baseada nas contribuições e discussões até aquele momento. Essa minuta foi discutida e aperfeiçoada nos dias seguintes por um grupo de 8 conspiradores (Alfredo, Ana Neves, Carla, Guga, Luiz, Lucinda, Veri e Simone Freitas) e em seguida divulgada na lista de e-mails como sendo uma proposta para discussão no encontro presencial.

O 6º encontro aconteceu em 18/10, com a presença de 18 conspiradores (14 da capital, 1 da Grande SP e 3 de outras cidades), além de 7 conspiradores* que não puderam comparecer, mas enviaram mensagens de apoio à proposta da carta divulgada na lista. O boletim informativo distribuído continha, dentre outros, o texto da proposta da carta de princípios elaborada para ser submetida aos membros presentes. A proposta apresentada foi discutida ponto-a-ponto, corrigida, emendada e aprovada. Depois do encontro a carta ainda recebeu uma emenda proposta pelo Pacheco, que só chegou ao coletivo e foi aprovada no 7º encontro (15/11).

Em 14/11 o Guga publicou no fórum a primeira reflexão sobre o processo de construção da carta, na qual alguns pontos estão sendo novamente refletidos neste novo escrito. Em seu longo percurso, a carta de princípios do núcleo RCSP recebeu, desde a sua divulgação (na lista de e-mails, no fórum e no site), 65 assinaturas de apoio, 25 mensagens de congratulações e foi divulgada aos participantes do 3º Congresso de Pedagogia Espírita – por iniciativa dos próprios organizadores desse congresso.

Os Bons Encontros

Durante as reuniões e debates, tanto presenciais como virtuais, novas conexões também foram se formando. Bons encontros, como diria o filósofo Espinosa, se deram quando a conspiradora Simone de Freitas se propôs, a partir do Senac, a investir na criação de um parque no interior da escola, cuja diretora é a conspiradora Maria Cláudia.

Desse encontro, surgiram outros. Interessada em transformar as bases da escola, a Maria Cláudia convidou a conspiradora e educadora, Maria Lucinda Morais, a desenvolver um projeto de intervenção para os professores da EMEF Armando Cridey Righetti, localizada no bairro Itaim Paulista, na região leste de São Paulo. Guga também acabou por realizar, durante a inauguração da chamada “sala de apoio”, uma oficina de inclusão para familiares dos rotulados como alunos com deficiência mental.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Oficina realizada pelo Guga com os pais de alunos na EMEF Armando Cridey Richetti, onde a Maria Claudia é diretora, Novembro/ 2008.

A Daniela Bitencourt e o Guga conheceram ainda – e levaram a solidariedade do núcleo – o projeto de educação democrática realizado pela educadora e conspiradora Mila Zeiger, na zona rural do município de Ibiúna, em São Paulo. Todos esses, dentre outros projetos, podem ser o germe de ainda outros que estão tentando e conseguindo, mesmo que de uma forma micropolítica, mudar a fisionomia do ensino do país.

A rede é isso aí, encontros virtuais e presenciais tendem a gerar conexões das mais diversas, revelando que uma rede de conspiradores tem potencialidade o suficiente para trilhar
por caminhos inusitados, muitos até então inesperados, desconstruindo ou mesmo transformando conceitos sedimentados, reconstruindo outros e, se for necessário, transformando esses novos conceitos mais uma vez. O projeto do Banco de Experiências, desenvolvido e tocado para frente pela Daniela e também pela Maria Teresa, tem tudo para disparar outras conexões e assim promover encontros de pessoas ou grupos querendo atuar em nome de uma educação mais democrática e inclusiva.

A rede, nesse sentido, não procura criar novos paradigmas fechados e sim busca romper com qualquer determinismo a priori que venha amarrar e cristalizar novas possibilidades de luta. Não se trata de desconsiderar o passado e sim de aproveitar os seus ensinamentos, engendrando o novo e criando vínculos dos mais diversos e para todos os lados, rompendo o cerco que deseja cristalizar o homogêneo e negar a diferença.
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* Adriana, Cândida, Carla, Simone Freitas, Solange Emílio, Teresa e Valéria.

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