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Carta de Princípios Sul

 

 

CARTA DE PRINCÍPIOS DO NÚCLEO DO SUL

 

“[...] Somos impotentes para criar qualquer coisa. Não suscitamos a torrente, mas podemos ajudar a vida a realizar-se, a torrente a seguir seu destino como um potencial máximo de potência. Nisso reside o papel, limitado, mas quão cheio de possibilidades, da verdadeira educação” (FREINET 1998, p. 36).

O Núcleo do Sul assume o compromisso com uma educação respeitosa com a vida do sujeito e da sociedade. Uma educação que propicie que cada um e todos os indivíduos possam atingir a máxima potência do seu desenvolvimento pessoal e social. Assumimos os limitadores que se impõem a essa trajetória, como desafios que sinalizam a riqueza de possibilidades do fazer educativo.
Entendemos as impossibilidades como um movimento que coloca a todos, nesse caso os educadores, como sujeitos incompletos e inacabados, que se devem orientar pelos princípios da coletividade, solidariedade e da contínua e processual busca da transformação e, quem sabe, da amorosa transgressão freiriana.
Postulamos em nossos objetivos e práticas o propósito transformador do Movimento Românticos Conspiradores, para tanto declaramos a intencionalidade político-pedagógica que está orientada para dar visibilidade a experiências educativas identificadas com os ideais de transformação, mobilizando, progressivamente, um maior número de sujeitos, potencializando novas práticas em uma rede auto-formativa de cooperação.
Assumimos o compromisso de uma proposta educativa, que em diálogo respeitoso com a trajetória histórica da educação e comprometida com a construção de um futuro possível para todos possa, a partir de uma perspectiva dialética, viabilizar a formação dos indivíduos e da sociedade capazes de dar conta e servirem-se, hoje, das constantes transformações suprageracionais que permanentemente se impõem e desafiam a educação.

I – Sobre as Políticas Públicas
1. Entende-se que o envolvimento pleno da escola e seus educadores com atendimento de todos os alunos e suas singularidades é urgente numa escola que se pretende democrática e pública .
2. O máximo desenvolvimento da excelência do trabalho a ser desenvolvido passa por uma mudança de paradigma, que assumimos como uma responsabilidade do profissional da educação, é portanto, mais do que um desejo, ou um dom de apenas alguns professores. Entende-se que os alunos com necessidades especiais são todos os alunos com necessidades de aprendizagem.
3. A escola precisa de mobilidade, parcerias e condições para adequar-se ao exercício diário de acolhimento e potencialização do desenvolvimento máximo dos alunos, em todos os níveis.
4. Cabe ao poder público e mantenedoras, prover: a adequação do espaço físico; os recursos humanos especializados; os convênios entre as instituições que possam somar esforços com fins na aprendizagem; promover e organizar a formação complementar e continuada dos educadores.

II - Sobre a Escola
1. A Escola está centrada em um processo intencional de acolhimento e formação integral de educandos e educadores. Esta intenção deve ser clara e assumida por todos os envolvidos no processo educacional.
2. A Escola também promove a articulação entre diferentes espaços educativos buscando a aprendizagem na cidadania e a sistematização dos saberes.
3. A parceria entre a escola, a família, o aluno e a comunidade faz com que todos reconheçam e assumam sua proposta, qualificando seu trabalho e, assim, a educação.
4. É responsabilidade do professor a intencionalidade educativa, permeada pela ética e acolhida humana de todas as possibilidades de desenvolvimento a partir da diversidade. A primazia dessa função passa portanto: pela seleção de diferentes projetos voltados para a heterogeneidade de todos os segmentos escolares; pelo entendimento da avaliação como um processo inclusivo, formativo, dinâmico, individual e coletivo, que abrange a apreciação dicente tanto quanto docente, valorizando-a como processual tomada de consciência; pelo compromisso com a reconstrução e adaptação contínua de seu fazer em relação as necessidades e demandas locais e globais, portanto, contemporâneas.
5. Destaca-se que a formação docente inicial e continuada são fundamentais para este processo, sendo assim, em primeiro lugar responsabilidade do próprio docente, tendo a escola e o Estado como promotores, organizadores e incentivadores desses espaços.
6. A diversidade dos projetos pedagógicos deve priorizar a autoria de pensamento visto que buscamos aprender para compreender e transformar a realidade.
7. O reconhecimento da complexidade inerente aos seres humanos e suas relações como ponto de partida para o desenvolvimento e o exercício das diferenças e semelhanças entre os envolvidos no processo educacional.

III – Sobre a Aprendizagem
1. A aprendizagem é vista como uma possibilidade que acontecerá em diferentes espaços e dimensões. Levando sempre em consideração o sujeito como um todo (biopsicosocial).
2. Partimos do princípio de que todos aprendem, assim, o investimento em cada sujeito respeitando suas singularidades e o exercício das diferenças são fundamentais para a construção de conhecimentos.
3. Aprende-se, também, compartilhando vivências e, assim, é importante darmos visibilidade às experiências transformadoras.

IV - Sobre o Compromisso Social da Educação
1. A Educação é responsabilidade de todos visto que não se aprende só na Escola.
2. A Escola está inserida em um contexto, em uma realidade política e social, assim, ela é, também, articuladora e produtora de cultura.
3. A Educação precisa ser de fato democrática e pública.
4. Abrindo espaço para a comunidade e garantindo que todos reconheçam e assumam a educação poderemos construir uma cidade educadora qualificando cada vez mais nossa educação.

Esta carta foi sendo construída, durante os encontros do Núcleo do Sul, realizados em Porto Alegre, nos meses de agosto, setembro e outubro, tendo como participantes: Ana Cristina Rangel, Ana Paula Rocha, Angélica Sonntag, Cleusa Beckel, Daniele Celiberto, Denise Armani, Denise Medeiros, Dora Roncatto, Fernanda de Souza, Gabriela Klein, Gracieli Konflanz, Isabel Vieira, Márcia Jungkenn, Márcia Luz, Maria Alice Severo, Maria Beatriz Titton, Maria Helena Felliti, Maria Luisa Xavier, Maria Salete Ross, Marilei de Mattos, Nadine Cabral, Patricia Oliveira, Raquel Schafer, Sandra Santos, Suzana Fernandez, Suzana Pacheco, Tatiana Santos.

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